quarta-feira, 26 de abril de 2017

Estudo: Sexualidade e Incapacitação

Sexualidade e Incapacitação: Fatores Cognitivo-Afetivos da Saúde Sexual de Pessoas com Incapacidades Físicas em Portugal

O meu nome é Raquel Pereira e encontro-me a fazer Doutoramento em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, onde integro a equipa do SexLab – Centro de Investigação em Sexualidade Humana. O meu projecto de Doutoramento incide sobre os factores cognitivos e afectivos da saúde sexual em pessoas com incapacidade física, e é supervisionado pelo Dr. Pedro Nobre (SexLab – Universidade do Porto) e pelo Dr. Pedro Teixeira (Escola de Saúde – Universidade do Minho).

O objetivo do projeto é estudar o papel de diferentes fatores psicológicos no desenvolvimento e manutenção de problemas sexuais em pessoas com diferentes tipos de incapacidade física (e.g. lesão vertebro-medular, paralisia cerebral, esclerose múltipla). Solicitamos a colaboração de participantes com idade entre 18 e 50 anos, com e sem incapacidade física.

Este estudo será realizado através de inquéritos, nos quais iremos avaliar um conjunto de dimensões psicológicas e sexuais em 3 momentos diferentes, ao longo de um ano (com intervalo de 6 meses entre cada momento). A participação neste estudo é anónima e voluntária.

Neste sentido, vimos por este meio pedir a vossa colaboração na recolha de dados através da divulgação do estudo no blog "Nós tetraplégicos", e outros meios ao vosso dispor. Em baixo, disponibilizamos os links para as versões online do inquérito, mas também poderemos disponibilizar outros meios de acesso (e.g. questionários em papel) mediante a vossa solicitação. Desde já nos dispomos para, assim que haja resultados deste estudo, os divulgarmos através de comunicação em palestras, entre outras sugestões.

Versão masculina: https://surveys.fpce.up.pt/index.php/265593/lang-pt

Versão feminina: https://surveys.fpce.up.pt/index.php/492343/lang-pt

A vossa colaboração é de extrema importância para o sucesso deste estudo, que esperamos que possa contribuir para melhorar a investigação nesta área e leve a um maior reconhecimento deste tema a nível social.

Estamos ao dispor para qualquer esclarecimento adicional.

Gratos pela atenção,
Raquel Pereira

Enviado por e-mail

sábado, 22 de abril de 2017

Projecto Brendait: Centro de Portugal quer ser região acessível para todos

O Projecto Brendait (Building a Regional Network for the Developement of Accessible and Inclusive Tourism) visa a construção de uma rede de turismo acessível e inclusivo. O território teste localizou-se em oito municípios do Litoral Oeste (Alcobaça, Batalha, Caldas da Rainha, Lourinhã, Nazaré, Óbidos, Peniche e Torres Vedras). O consórcio junta Turismo Centro de Portugal, Associação de Hotelaria de Portugal, Escola Superior de Hotelaria e Turismo do Estoril, European Network for Accessible Tourism e Perfil, Psicologia e Trabalho.
Na apresentação, que teve lugar na Comissão de Coordenação da Região Centro (CCDRC), em Coimbra, Pedro Machado, presidente do Turismo Centro Portugal, destacou a importância do Projeto Brendait para o estabelecimento da região e do país, enquanto destino turístico para todos, realçando que “no Turismo Centro Portugal acreditamos que só quando estiverem cumpridas estas duas premissas – acessibilidade e inclusão – é que teremos um destino turístico”.

Na opinião de Pedro Machado, falar num destino turístico inclusivo “é prepararmos melhor os agentes económicos do sector, qualificarmos melhor os seus serviços, para assim valorizarmos a própria actividade”.

O presidente do Turismo Centro Portugal viu ainda com satisfação a “ambição de que este projecto possa ser replicado para outras regiões”, até porque iniciativas como estas “podem obter resultados cada vez mais expressivos a médio/longo prazo, uma vez que há milhões de potenciais clientes”.

Também presente na apresentação, Teresa Ferreira, directora do Turismo de Portugal, destacou o trabalho feito na qualificação da oferta turística. “O Projeto Brendait possibilita que se desenvolvam produtos para serem vendidos a mercados diversificados”, frisou, referindo que o programa “All for All”, do Turismo de Portugal, segue o mesmo caminho, “promovendo Portugal como destino acessível”.

Duas grandes vantagens em desenvolver o turismo acessível é o facto de poder combater a sazonalidade e de aumentar a taxa de ocupação, como destacou Maria João Martins, da Associação de Hotelaria de Portugal. “Os turistas deste segmento viajam muito fora das épocas tradicionais, viajam normalmente em grupo ou em família e ficam mais tempo”, recordou.

Quanto à oportunidade, de acordo com Ivor Ambrose, managing director da European Network for Accessible Tourism (ENAT), “há 3 milhões de operações turísticas na Europa e só 300 mil dizem ser acessíveis para todos – apenas 10 por cento. E a procura é grande: há 140 milhões de pessoas na Europa com necessidades especiais quando viajam.

Fonte: Turismo Adaptado

terça-feira, 18 de abril de 2017

Fiquei tetraplégico. Suicido-me?

Algum tempo atrás escrevi sobre este assunto. Desta vez voltei a fazê-lo na minha crónica do Jornal Abarca


Alguns meses após o acidente que me deixou tetraplégico, encontrei um antigo conhecido da minha idade, que já não via há muito tempo.

Ele ficou muito confuso e surpreso por me ver numa cadeira de rodas, e naquela situação, e quis saber se era grave. Disse-lhe que era para sempre, irreversível. Disparou imediatamente: “não pode ser! E tu aguentas? Eu já me tinha matado”. Naquele momento não pensei muito no assunto e acho que nem lhe respondi concretamente, até porque no início, achava que poderia a qualquer momento ter melhoras significativas e também não queria ver a real gravidade do meu problema.
Mas de há uns anos para cá penso nesta frase e tento enquadrá-la. Acho que muitas pessoas quando nos vêem, a pensam, só não a dizem. Questionam-se se seriam capazes de viver nestas circunstâncias e este tipo de vida.

Hoje, vejo que passaram 25 anos e eu sem as ditas melhoras significativas. Pelo contrário, com o tempo, aparecem é as pioras e o estado de saúde agrava-se.

É fácil viver dependente dos outros? De maneira nenhuma! Acostumei-me? Não, nunca me acostumarei! Aceitei? Nem pensar! Vou vivendo uma mentira e faço de conta que sou feliz? Nada disso. Eu sou infeliz. Já ouvi da boca de dois conhecidos tetraplégicos portugueses, que são mais felizes após o acidente. Eles lá saberão porquê. Talvez se fosse rico como eles, vos pudesse dar uma resposta…eu não o sou.

Então porque vivo nestas circunstâncias, e não me suicido, como meu conhecido teria feito? Porque não sei como, mas encontrei uma maneira de ter momentos felizes, viver com o que tenho e sou, e não fazer dramas. Também tive a confirmação, que nós, seres humanos, somos mais fortes que imaginamos, e somos capazes de ultrapassar coisas que até nós duvidamos.

Nunca mais vi esse meu conhecido, mas se ele me aparecesse com as mesmas dúvidas e questões, continuaria igualmente a não lhe saber, ou querer responder.

domingo, 2 de abril de 2017

Neste caso ajudar não custa nada

Chegou mais uma vez a altura de submeterem as vossas declarações do IRS, e como sabem podem doar sem custos 0,5% dos vossos impostos a uma instituição.

Venho pedir-vos que o façam ao Centro de Apoio Social da Carregueira, instituição onde resido e trabalho.


Para nos doarem 0,5% dos vossos impostos destinados ao Estado, basta seguir as instruções da imagem, ou seja colocar o nº do nosso NIF 503 524 158 no campo 11, do Modelo 3 da sua declaração.

Convido-vos também a conhecerem melhor o nosso trabalho aqui: https://cascarregueira.wordpress.com/ e 

colocar um "gosto" na nossa página no facebook:

O CAS Carregueira agradece.

sábado, 1 de abril de 2017

Manual para pessoas com deficiência motora

A Associação Salvador lançou um manual para facilitar o dia-a-dia das pessoas com deficiência motora, um projeto pioneiro em Portugal, que agrega todas as informações úteis em áreas como “acessibilidades”, “transportes”, “emprego” e “saúde”.

Tetraplégico desde os 16 anos, o presidente da associação, Salvador Mendes de Almeida, sentiu muitas vezes dificuldades em encontrar repostas no meio de tanta informação distinta. Em declarações à agência Lusa, Salvador Mendes de Almeida contou que esta dificuldade também é sentida na associação, onde todos os dias chegam pedidos de informação como: “quais são os meus benefícios fiscais”, onde existe desporto adaptado, “que produtos de apoio existem” ou “quais os melhores centros para fazer reabilitação”. Foi neste contexto que surgiu o Manual para Pessoas com Deficiência, realizado em parceria com o Instituto Nacional para a Reabilitação (INR), que visa facilitar a vida dessas pessoas, dos seus familiares e cuidadores, mas também dos profissionais ligados a esta área.

Salvador Mendes de Almeida salientou a importância da “área do conhecimento” num país onde existem cerca de um milhão de pessoas com deficiência e em que seus os agregados familiares “vivem com baixos recursos e têm uma grande dificuldade de locomoção”, o que lhes dificulta a recolha de informação. “Quando uma pessoa tem uma deficiência motora ou um filho ou um familiar que sofre uma deficiência, além do desgaste emocional”, a pessoa depara-se com “um mar de informações ao qual não sabe onde se dirigir”.


Esta situação deve-se “muitas vezes à dificuldade de acesso à informação”, disse Salvador Mendes de Almeida, convicto de que a informação disponibilizada no manual de “forma clara e detalhada” irá contribuir para “uma melhor qualidade de vida” destas pessoas e das suas famílias.

Ao longo dos 14 capítulos, as pessoas podem encontrar informação sobre produtos de apoio, acesso a cuidados de saúde, incentivos na área do emprego, desporto adaptado, lazer, entre outros. O manual vai estar disponível no site da associação e nos principais centros de reabilitação e instituições de norte a sul do país.

No ano em que a associação assinala 15 anos, Salvador Mendes de Almeida apelou aos portugueses para que atribuam 0,5% do seu IRS à instituição, que tem como missão promover a integração das pessoas com deficiência motora na sociedade e melhorar a sua qualidade de vida. Fonte: Observador

NÓS: também colaborei na sua elaboração com muito prazer.

II Caminhada Solidária Mithós

É com muito gosto que vos convidamos a participar em mais uma Caminhada Solidária Mithós que terá lugar no próximo dia 09 de Abril.

A concentração está prevista para as 9h00, nos Bombeiros Voluntários de Vila Franca de Xira, com saída às 10h00 rumo ao pavilhão multiusos e tal como no ano anterior, teremos largada de balões seguida de uma aula de Zumba.

A inscrição da caminhada tem o valor de 10€ para quem quiser o Kit, que inclui t-shirt, boné e mochila e de 5€ para quem já tiver o Kit do ano anterior.

As inscrições poderão ser feitas antecipadamente no link disponível na nossa página do Facebook

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSepo0YWw-a_X44-Td5AMwx9xr6cPTMnUdanya6nkn-H6eMGYw/viewform?embedded=true#start=embed

Por email para mithos.associacao@gmail.com

Pelos contactos da associação - 263 209 507 ou 963 877 706.
Ou, no local, no dia da caminhada.
Contamos com a vossa participação.

Mithós
Morada: Avenida Pedro Vítor, 21 A
2600-221 Vila Franca de Xira
Contribuinte nº 508 654 696
Telefones: 263 209 507

Telemóvel: 963 877 695/ 963 877 706 (Presidente)
Mail: mithos.associacao@gmail.com / mithos.tesouraria.associacao@gmail.com
https://www.facebook.com/MITHOSVFX

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Tecnologia inovadora permitiu que homem paralisado há oito anos voltasse a ter mobilidade

Um homem que ficou tetraplégico num acidente voltou a mover-se com a ajuda da tecnologia e apenas usando o pensamento, num projeto de investigadores dos Estados Unidos divulgado esta terça-feira na revista especializada em medicina The Lancet. Bill Kochevar conseguiu, depois de oito anos paralisado, mover uma mão e um braço e beber água, sendo o primeiro recetor de sistemas de gravação e estimulação de músculos implantados no cérebro.


De acordo com o trabalho desenvolvido na universidade Case Western Reserve, em Cleveland, Estados Unidos, o paciente deverá ser o primeiro tetraplégico do mundo a mexer um braço e uma mão com a ajuda de duas tecnologias que lhe foram temporariamente implantadas. Segundo o artigo publicado na revista científica britânica, Bill Kochevar conseguiu pegar numa caneca de água, puxa-la para os lábios e beber por uma palhinha, embora com movimentos lentos e tendo sido necessário algum treino.

Um interface cérebro-computador com eletrodos de gravação debaixo do crânio, e um sistema de estimulação elétrica funcional ativaram o braço e a mão, ligando o cérebro de novo aos músculos paralisados. Com este método, Kochevar conseguiu também segurar um cabo e coçar com ele o nariz, ou pegar num garfo e comer uma batata. "Para alguém que foi ferido e durante oito anos não se podia mexer, ser capaz de se mover ainda que só um pouco foi incrível para mim", disse Kochevar, 56 anos, acrescentando: "é melhor do que eu pensava que seria". Segundo Bob Kirsch, presidente do departamento de Engenharia Biomédica da universidade, o paciente é um precursor da comunidade de pessoas com lesões na espinal medula e a experiência é um "passo importante para restaurar alguma independência".

As pessoas tetraplégicas estabelecem como prioridades, quando questionadas, para a recuperação dos movimentos o poderem coçar-se, alimentar-se e executar outras funções simples sem dependerem de terceiros. "Tomando os sinais cerebrais gerados quando Bill se tenta mover, e usando-os para controlar os estímulos do seu braço e mão, foi possível que ele realizasse funções pessoais que eram importantes para ele", disse Bolu Ajiboye, professor assistente de engenharia biomédica.

Veja em vídeo:



Fonte: CM

Acabamos com paradigma de só se ter apoio social quando não se trabalha

Admite ter uma sensibilidade "especial" para carregar a pasta da Inclusão, mas não é isso que lhe concede o "dom da verdade". Como tal, tenta sempre colocar-se "na pele" daqueles que têm deficiências diferentes da sua. É que, apesar de existirem problemas transversais a todos os deficientes, há realidades muito particulares, algumas "muito duras".

Em entrevista ao Vozes ao Minuto, Ana Sofia Antunes está esperançosa de que a nova prestação social de apoio aos deficientes venha diminuir a pobreza e ser um "impulso" na vida daqueles que, muitas vezes, "são colocados de parte". Uma medida que numa primeira fase, abarcará 120 mil cidadãos e que, em 2018, chegará a 175 mil beneficiários.

O sistema de apoios sociais aos deficientes vai mudar já a partir deste ano. Na prática, como vai funcionar o novo modelo?

Estamos a falar de duas medidas [Prestação Social para a Inclusão e o Modelo de Apoio à Vida Independente] cuja consulta pública acabou na sexta-feira [dia em que foi realizada esta entrevista]. São duas medidas distintas.

A primeira delas é a reformulação ao nível das prestações sociais com a criação de uma nova prestação social para a inclusão, que procura substituir, simplificar e melhorar a proteção social das pessoas com deficiência. No fundo, vem substituir algumas das atuais prestações e reunir tudo numa, para facilitar a vida às pessoas e tornar o sistema mais transparente.

Quando é que será implementada a prestação e quem terá direito a ela?

Terá uma aplicação faseada. Serão três fases de implementação. A primeira para vigorar ainda este ano, em outubro.

A primeira delas é a componente base e que constitui uma medida de compensação dos custos inerentes à própria deficiência. Aquilo que vamos fazer, para já, é atribuir às pessoas um determinado valor base que rondará os 264 euros e ao qual terão acesso pessoas com incapacidade igual ou superior a 60% e com idade entre os 18 anos e a idade de reforma, desde que tenham a incapacidade atestada pelo menos até aos 55 anos.

Nova prestação social para a inclusão vem substituir algumas das atuais prestações e reunir tudo numa, para facilitar a vida às pessoas e tornar o sistema mais transparenteEstamos a falar de um duplo patamar de proteção, um mais generoso e que constitui a vertente de cidadania da prestação que é, digamos, um patamar que determina que todas as pessoas com um grau de incapacidade mais restrito, igual ou superior a 80%, tenham acesso direto à prestação, pelo simples facto de terem esse grau de incapacidade elevado.

Neste caso, independentemente do rendimento, é isso?

Sim. Para essas pessoas não vamos pedir comprovação de custos nem de rendimentos. A pessoa tem acesso direto [aos 264 euros] bastando para isso ter o atestado.

Depois, há um patamar intermédio, digamos menos generoso, a que poderão ter acesso pessoas com incapacidade entre 60 e os 79%. Mas aqui, além da comprovação do grau de incapacidade, vamos requerer comprovativo de rendimento da própria pessoa. Podem aceder pessoas que tenham um rendimento de trabalho até um limiar anual de 8.500 euros e pessoas que tenham outro tipo de rendimentos (apoios sociais) num limiar até aos 5.059 euros. Esta é a regra base. Depois teremos duas outras fases de implementação.

A segunda fase, chegará em 2018, tem a ver com a entrada do complemento. Tem mais a ver com a componente social da prestação e permite que as pessoas que tenham o complemento base acedam a um montante superior que as colocará acima do limiar de pobreza. Além de terem de apresentar o grau de incapacidade, terão de apresentar comprovativos do rendimento do agregado familiar (o próprio, o cônjuge se o tiver, e no caso de viver com os pais e irmãos). Aplicar-se-á uma forma de cálculo algo próxima da do Complemento Solidário para Idosos (CSI), em que procurámos introduzir algumas majorações, algumas modificações, de forma a que este complemento seja um pouco mais generoso.

Os elementos do agregado com deficiência terão uma majoração no seu peso na fórmula, valem mais, e os rendimentos da pessoa com deficiência, a existirem, não serão considerados na sua totalidade, assim como o valor da componente base não será considerado como rendimento do agregado.

A terceira fase, já para 2019, é a chamada majoração. Esta é uma vertente diferente da prestação, não se consubstancia numa transferência mensal, mas sim numa forma de compensação pontual de custos extraordinários que a pessoa possa enfrentar em determinados períodos da vida, relativos nomeadamente a reabilitação, em que o que propomos é que a pessoa obtenha mediante comprovativo de despesa alguma comparticipação de algumas despesas.

O que é o Governo procura alcançar com este novo sistema de apoios?

Simplificar a vasta panóplia de prestações que temos atualmente. Temos pelo menos oito prestações diferentes para as pessoas com deficiência, em diferentes contextos. A pessoa passa a ter um cenário mais transparente, a partir do momento em que se identifica junto da Segurança Social ela é vitalícia. Acompanha e vai-se adaptando às diferentes fases da vida da pessoa.

Acabamos com esse paradigma que vigorou até hoje de a pessoa só ter direito a apoio social quando não trabalhaNa terceira fase, em 2019, contamos estender a prestação a crianças também, reduzir a idade abaixo dos 18 anos. As prestações relativas à dependência como o complemento por dependência ou o subsídio por assistência a terceira pessoa [subsídio de quem cuida de pessoas com deficiência] continuarão a estar à parte. Serão acumuladas com essa prestação. E para esta componente base não contaremos com outro tipo de prestações.

Na prática estes apoios vêm substituir que subsídios?

O subsídio mensal vitalício e o subsídio de invalidez. Quem já os recebe, transitará automaticamente para a nova prestação. Progressivamente, substituirá a bonificação por deficiência, mas não será um processo para já, uma vez que essa transição é mais gradual. Substituir de todo, substitui estas duas.

Que lacunas vem preencher?

Um conjunto delas. Por um lado, a questão da complexidade do sistema. Por outro, tenta combater a pobreza junto das pessoas com deficiência que ainda é muito acentuada. E por isso propomos que essas pessoas passem a receber um rendimento que possa chegar aos 423 euros.

Mas o que traz de novo em relação ao que já existe?

Esta prestação introduz uma grande inovação que não existe em nenhuma outra prestação até agora na nossa Segurança Social que é a vertente de cidadania para as pessoas com incapacidade igual ou superior a 80%. Significa que qualquer pessoa, sem necessidade de condição de recursos, sem que lhe seja perguntado quanto ganha, tenha o reconhecimento de que o simples facto de que a deficiência tão elevada lhe traz custos acrescidos.

É também uma forma de tentar estimular, sempre que possível, a pessoa a não se acomodarDepois, o facto de a prestação poder ser acumulada com rendimentos de trabalho e outros até determinado limiar. O que no fundo, para nós é também uma forma de tentar estimular, sempre que possível, a pessoa a não se acomodar e a tentar procurar trabalho, independentemente dos apoios do Estado.

Acabamos com esse paradigma que vigorou até hoje de a pessoa só ter direito a apoio social quando não trabalha, enquanto se considera que a pessoa é inválida. Porque a partir do momento em que a pessoa começa a trabalhar são-lhe cortados os apoios sociais, e isso também acabava por desincentivar as pessoas a aceitarem propostas de trabalho porque receavam o que é que podia vir a seguir e porque perdiam de imediato a prestação.

E, receando uma situação laboral que no início pode ser incerta e em caso de desemprego em alguns meses, temiam não recuperar a prestação e ficar numa situação complicada. Tentamos combater isso com este modelo que desenhámos.

O desemprego é um dos grandes problemas e uma grande barreira das pessoas com deficiência, além de todos os outros óbvios que se prendem com a saúde.

É um público algo sensível por uma razão simples. O acesso ao emprego nalgumas situações é de todo impossível. E noutros casos, não sendo impossível, tendo a pessoa capacidade para o trabalho e racionalidade para o exercer, em contextos em que existe alguma dificuldade e escassez de emprego, este é sempre um público que fica de parte. Mais dificilmente acede ao emprego. Felizmente, essa é uma realidade que vamos recuperando progressivamente.

Mas, de facto, passou-se um período muito complicado em que a taxa de emprego das pessoas com deficiência foi seriamente afetada. Para termos noção, enquanto na população comum falamos de uma taxa de empregabilidade de cerca de 66%, ao nível das pessoas com deficiência temos uma taxa de empregabilidade de 44%. Os números falam por si. Ainda existem reticências e algum receio em contratar e dar uma oportunidade a estas pessoas. Isso, naturalmente, reflete-se depois nos seus rendimentos, e os apoios sociais, por vezes, não conseguem compensar.

Com esta nova prestação ninguém vai ficar a receber menos do que recebe agora?

Não. Isso é uma condição de regra da prestação. Ninguém pode ficar pior do que o que está.

Que balanço faz das sessões de esclarecimento que terminaram na sexta-feira?

Estivemos em Lisboa, Porto e Coimbra. Foi uma das vertentes da consulta pública, já tínhamos constituído umas caixas de correio onde as pessoas contribuíram com sugestões, recebemos um total de 312 contributos que estão agora a começar a ser analisados para vermos como é que conseguimos ajustar o desenho das medidas para irem mais ao encontro das necessidades das pessoas. Esses 312 contributos não são apenas sobre a prestação mas também sobre o Modelo de Apoio à Vida Independente. Foram sessões muito participadas. E, no fundo, isto demonstra que esta é uma área onde as pessoas têm, de facto, necessidade de mais apoio, de serem ouvidas, e onde têm uma palavra a dizer.

Fazendo uma retrospetiva do último ano, houve algum partido que se tenha destacado mais a contribuir com propostas para a inclusão das pessoas com deficiência?

Vivemos num sistema democrático e todas as propostas são sempre bem-vindas, nós recebêmo-las e tentamos adaptar as nossas propostas com as de todas as vertentes políticas, obviamente quando elas vão no sentido que é a nossa visão. Há áreas em que isso é possível, outras em que não.

Com a oposição, há situações que são melindrosas e que nos deixam um pouco perplexosComo é que tem corrido a articulação quer com os partidos quer de Esquerda quer de a Direita neste âmbito?

Temos conseguido desenvolver um trabalho muito frutífero especialmente com os nossos parceiros de acordo na Assembleia da República. Tem sido vantajoso de facto. [Com a oposição] há situações que são melindrosas e que nos deixam um pouco perplexos.

E eu, também como pessoa com deficiência, não posso deixar de ficar admirada com algumas coisas. Custa-me ver determinados setores da nossa vida política a proporem medidas, por vezes muito ambiciosas na área da deficiência - com algumas delas até poderei concordar, com outras não, por orientação política e por ter a minha própria visão sobre as coisas, - agora, quando durante vários anos foram governo e nada se fez fez em prol destas pessoas... e nenhuma proposta apresentaram para melhorar as condições de vida destas pessoas. Isso de facto não pode deixar de me admirar.

Pode concretizar?

O CDS avançou com 19 medidas, algumas delas bastante ambiciosas. Não tenho nenhum tipo de problema em aceitar uma proposta que venha da Esquerda ou da Direita que faça sentido e que possa ser negociada e que seja realmente do interesse das pessoas com deficiência.

Acho estranho que um partido que nada fez durante quatro anos em prol das pessoas com deficiência venha agora apresentar tantas medidasNão tenho o dom da verdade. Aceito propostas que possam vir de todo o lado que tenham coerência, mas tenho de reconhecer e dizer que acho estranho que um partido, que ainda por cima foi responsável pelo ministério onde me insiro agora e que nada fez durante quatro anos em prol das pessoas com deficiência, venha agora apresentar tantas medidas e tenha tantas ideias para promover a inclusão das pessoas com deficiência. Acho estranho.

Considera então que a inclusão das pessoas com deficiência foi, digamos, desconsiderada no governo anterior?

A minha pasta foi extinta durante o governo anterior. Não vou dizer que as questões da inclusão desapareceram, estavam incluídas na pasta da Segurança Social, mas isso para mim, à partida, é um erro, porque quando não se tenta dar alguma prioridade a estas temáticas elas ficam escondidas dentro de muitas outras prioridades. Gostava que me apontassem uma medida estratégica tomada pelo PSD/CDS durante o período de 2011-2015.

Os anos em que em tudo se cortou...

Eu sei que muito se fala e muito se diz sobre o período em concreto de crise que tivemos, e eu reconheço que tínhamos limitações, mas os mais frágeis não têm de ser aqueles que têm de pagar a fatura das grandes crises. Penso que dentro dos grandes cortes que foram feitos durante o período de austeridade que vigorou poderia ter havido alguma atenção especial para os públicos mais sensíveis.

O PAN apresentou na sexta-feira uma proposta para que haja intérpretes de língua gestual nos serviços públicos, dando o exemplo crasso da área da saúde, questionando como é que um surdo consegue explicar ao médico como se está a sentir. Ainda há muito por fazer nesta área para conseguirmos afirmar que somos uma sociedade igualitária no acesso a serviços públicos?

Reconheço que as pessoas surdas, de facto, têm ainda muitas razões de queixa. A sua grande limitação é a comunicação. Elas precisam sobretudo disso, que se lhes garantida a possibilidade de comunicar. Nós vimos hoje a língua gestual portuguesa presente em muitos contextos que não existiam há uns anos.

Os mais frágeis não têm de ser aqueles que têm de pagar a fatura das grandes crisesMas é preciso fazer mais. Temos procurado desenvolver um projeto de intérpretes de língua gestual portuguesa para a linha de emergência médica (INEM), e queremos, em simultâneo, estender este serviço transversalmente aos diferentes serviços públicos do Estado. É algo que penso ter feito até ao final deste mandato.

Para terminar. Sendo a primeira secretária de Estado cega, a sua condição dá-lhe uma sensibilidade diferente para tratar destes temas?

Acho que sim. Reconheço que algumas das questões me afetam ou afetaram a mim. Isso não deixa de me dar uma sensibilidade própria especial. Não sei tudo. Obviamente que sou uma pessoa com uma determinada deficiência, no caso visual, e há questões que se colocam que são transversais, mas há outras que são muito específicas e tenho tentado procurado aprender o máximo para representar dignamente todas as pessoas com deficiência. Pôr-me na pele de todas elas, tenham a deficiência que tiverem.

E a realidade surpreendeu-a?

Surpreende-me todos os dias mas já há muitos anos. A realidade que conheço não é de agora, é de há muitos anos. De facto, há realidades muito duras e são estas que estamos a tentar progressivamente melhorar. Creio que com estas medidas podem melhorar. Não vão resolver tudo, nunca se resolve tudo, mas podem dar um impulso muito importante.

Fonte: Noticias ao Minuto

JUNTOS por PESSOAS ESPECIAIS no FUNDÃO


10:00 horas -Salão Nobre da Câmara Municipal de Fundão

- RECEÇÃO DA SECRETÁRIA DE ESTADO DA INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA, Ana Sofia Antunes

- Apresentação do Livro: "Uma Mão Cheia de Histórias Especiais"

INAUGURAÇÃO EQUIPAMENTOS INCLUSIVOS

11:00 horas - Incubadora a Praça

- Sala Sentires -
Projeto financiado na 2ª edição do Movimento Mais para Todos

11:30 horas- Parque Verde - Fundão

- Parque Lúdico Adaptado "Todos a Brincar"
Projeto co-financiado pela fundação EDP, através do Programa EDP Solidária- Inclusão Social 2015

Iniciativas/projetos_ Núcleo Pais-em-Rede de Fundão
Apoios_ Município de Fundão, FormaRedes - Contrato Local de Desenvolvimento Social 3G do Fundão, Pinus Verde.
Colaboração (livro)_ Agrupamento de Escolas Gardunha e Xisto e Agrupamento de Escolas de Fundão.

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Participe no dia europeu da Vida Independente

O Dia Europeu da Vida Independente está se aproximando rapidamente! Todos os anos, em 5 de maio, pessoas com deficiência e Centros de Vida Independente conscientizam a Campanha pela Vida Independente. É uma oportunidade para as pessoas com deficiência mostrarem que estão orgulhosas, fortes e visíveis e fazem campanha pelos seus direitos de muitas maneiras criativas.


Este ano ENIL está encorajando as pessoas a fazerem um pequeno vídeo em suas casas sobre o tema "Graças à Vida Independente Eu Posso ..." O que você pode fazer graças à Vida Independente? Ir para shows? Vá no feriado? Viver no seu próprio apartamento? Seja o que for, conte-nos sobre isso! Publique seu vídeo em mídias sociais em 5 de maio.

CILs em toda a Europa já têm planos interessantes para eventos offline também. Dezesseis países já compartilharam conosco seus planos. Um resumo deles é apresentado abaixo.

Na Lituânia , o LNF realizará uma conferência sobre assistência pessoal. Merton CIL no Reino Unido terá uma reunião de membros com decisores-chave sobre o tema da vida independente. Na Bélgica (região da Flandres), as pessoas sem deficiência terão a oportunidade de conversar com uma pessoa com deficiência e descobrir a sua "lista de balde". Um debate em painel sobre como a assistência pessoal pode ser usada para acessar educação e emprego ocorrerá na Noruega . Haverá uma grande manifestação em Berlim e muitos eventos menores em toda a Alemanha . Jovens membros da Spina Bifida Associação na Turquia vai fazer vídeos sobre Vida Independente.

Será realizado em Portugal um concurso de fotografia sobre pessoas com deficiência . Uma atividade semelhante - campanha de fotos e vídeos relacionada à assistência pessoal - é planejada pela "Associação de Pessoas com Deficiência do Condado de Karlovac" na Croácia . O Teatro da ESA no Azerbaijão irá organizar uma apresentação sobre Vida Independente. Em Tbilisi, na Geórgia , haverá uma demonstração, uma filmagem e um evento de discussão. Na Albânia será realizada uma mesa-redonda sobre Vida Independente com ministros-chave. Um debate ao ar livre sobre Vida Independente será realizado fora do Parlamento na Romênia . Além disso, a Associação ADAPTO dará uma apresentação de conscientização.

Na Grécia , a Associação de Drama terá um evento público, pedindo que as pessoas escrevam seus pensamentos sobre a importância da vida independente. Idéias serão coletadas e publicadas nas mídias sociais. As actividades terão lugar em toda a Sérvia , incluindo a acção de rua em Sombor e uma reunião com o prefeito de Belgrado. Na Hungria , MEOSZ vai lançar o seu documento de posição sobre Vida Independente. O ÉFOÉSZ incentivará os membros a fazerem vídeos e depois mostrá-los no dia 5 de maio em seu evento de auto-defesa. CIL Sofia ( Bulgária ) planeja recolher cadeiras de rodas velhas, decorá-las e colocar mensagens sobre elas relacionadas com a falta de mudanças políticas reais desde que a Bulgária ratificou a CDPD da ONU.

Isso inspirou você a se envolver? Se você gostaria de organizar um evento ou atividade em seu país, por favor envie um e-mail para dilyana.deneva@enil.eu , diga-nos o que você gostaria de fazer e qualquer suporte que você precisa. Faça o que fizer, certifique-se de documentá-lo com fotos e vídeos e compartilhá-los em mídias sociais no dia. Estamos ansiosos para ver o que você recebe e comemorar com você em 05 de maio!

Fonte e  mais informação: ENIL